Alvar Nuñez Cabeza de Vaca

(Espanha, c. 1490 — Espanha, c. 1560)

Em 1528, naufragou ao largo do Texas quando participava de uma expedição, sob o comando de Pánfilo de Narváez, encarregada de explorar a Flórida. Aprisionado pelos nativos, conseguiu fugir e conduzir alguns sobreviventes em um périplo através dos atuais estados americanos do Arkansas, Colorado, Novo México, Arizona e Califórnia. O grupo só alcançaria a cidade do México cinco anos depois. De volta à Espanha, foi nomeado governador do Paraguai em 1542. Numa escala da viagem, em Santa Catarina, soube pelos índios da existência de um caminho até Assunção. Enquanto sua frota prosseguia viagem, ele seguiu por terra numa jornada de 1500 quilômetros que durou dois anos. Em Assunção, defendeu a liberdade dos índios, com os quais os espanhóis deveriam apenas comerciar. Em pouco tempo, os armazéns da vila estavam lotados. Montou uma expedição para chegar até os incas subindo o rio Paraguai, mas acabou se perdendo no Pantanal. De volta a Assunção, foi destituído pelos colonos. Enviado à Espanha, foi deportado para a África. Em 1555, publicou o livro Relación y comentarios, relatando suas aventuras.

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Américo Vespúcio

(Florença, 1451 — Sevilha, Espanha, 1512)

Na condição de representante de armadores florentinos, o mercador e navegador Vespúcio encarregou-se em Sevilha do aprovisionamento de navios para a segunda e a terceira viagens de Cristóvão Colombo. Supõe-se que tenha participado de incursões pelo Atlântico desde 1497. Em 1499, acompanhou Alonso de Ojeda numa expedição que alcançou a costa americana acima do rio Orinoco. Em 1501, participou de outra armada, sob o comando de André Gonçalves, encarregada de explorar a costa brasileira. Saindo de Lisboa, em 17 de agosto a frota alcançou o cabo de São Roque, provavelmente descendo a costa até a Patagônia. Em 1503, Vespúcio retornou ao Brasil, desta vez comandando um navio da frota de Gonçalo Coelho, armada por cristãos-novos associados a Fernão de Noronha. Perdendo-se do resto da armada, carregou o navio de pau-brasil ao sul da baía de Todos os Santos e desembarcou em Lisboa em 18 de junho de 1504. No ano seguinte, em Sevilha, naturalizou-se espanhol e, de 1508 até sua morte, foi o piloto-mor da Casa de Contratação das Índias.

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Brás Cubas

(Porto, Portugal, 1507 — Santos, SP, 1592)

Colonizador e sertanista, foi um dos fundadores da vila de Santos. De família nobre, filho de João Pires Cubas e Isabel Nunes, veio para o Brasil com Martim Afonso de Sousa e governou por duas vezes a capitania de São Vicente (1545-9 e 1555-6). Chegou a ser o maior proprietário de terras da zona litorânea da capitania. Em 1543, fundou a primeira Santa Casa de Misericórdia, a qual chamou de Todos os Santos, nome que passaria à vila de Santos, cujo porto era mais bem localizado que o de São Vicente. Em 1551, foi nomeado por d. João III provedor e contador das rendas e direitos da capitania; no ano seguinte, construiu o forte de São Felipe na ilha de Santo Amaro. Teve participação destacada na defesa da capitania contra os ataques dos tamoios aliados aos franceses. Mais tarde, por ordem de Mem de Sá, realizou expedições pelo interior em busca de ouro e prata. Teria chegado até a chapada Diamantina no sertão baiano. Ao morrer, era fidalgo da Casa Real e um dos homens mais respeitados da capitania. O título de alcaide-mor da vila de Santos passou a seu filho, Pero Cubas.

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Brites de Albuquerque

(Portugal, ? — Olinda, PE, c. 1580)

Filha de Lopo de Albuquerque e Leonor Lopes, chegou ainda jovem em Pernambuco, no ano de 1534, acompanhando o marido Duarte Coelho, donatário da capitania de Pernambuco, e o irmão Jerônimo de Albuquerque. Por volta de 1553, quando o marido retornou a Portugal com os filhos Jorge de Albuquerque e Duarte Coelho de Albuquerque, ela se tornou "capitoa e governadora" da capitania. Nessa condição, travou guerras com índios e enfrentou revoltas de colonos. Nunca perdeu o comando nem deixou de mandar dinheiro para os filhos que estudavam em Lisboa e para o Tesouro real. Mesmo quando os filhos retornaram ao Brasil, ela manteve o governo de fato. Brites de Albuquerque acabou ligada por laços de parentesco às tribos aliadas, pois tanto seu irmão como seu filho Duarte casaram-se com índias.

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Diogo Álvares Correia, o Caramuru

(Viana do Castelo, Portugal, 1475 — Salvador, 1557)

Viajando para São Vicente por volta de 1510, o fidalgo da Casa Real Diogo Álvares naufragou nas proximidades do rio Vermelho, na baía de Todos os Santos. Seus companheiros foram mortos pelos tupinambá, mas ele conseguiu sobreviver e passou a viver entre os índios, de quem recebeu a alcunha de Caramuru, que significa "moréia". Conhecedor dos costumes nativos, contribuiu para facilitar o contato entre estes e os primeiros missionários e administradores. No entanto, não foi capaz de impedir a expulsão do primeiro donatário da capitania, Francisco Pereira Coutinho. Casou-se com a índia Paraguaçu, filha de um chefe tupinambá. O casal teve quatro filhas, que se casaram com colonos portugueses vindos com Martim Afonso de Sousa, dos quais descendem, entre outras famílias importantes, os Garcia d’Ávila. Quando o primeiro governador-geral, Tomé de Sousa, chegou à Bahia em 1549, Caramuru ainda vivia, assim como durante o governo de Duarte da Costa. Foi sepultado no mosteiro dos jesuítas em Salvador, ao lado da mulher, que ao ser batizada recebeu o nome de Catarina.

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Cristóvão Colombo

(Gênova, Itália, 1451 — Valladolid, Espanha, 1506)

De família modesta, Colombo dedicou-se desde jovem à vida marítima. Estabelecido em Portugal desde 1476, lá casou-se em 1480 com Filipa Moniz, filha do navegador Bartolomeu Perestelo, em cuja biblioteca pôde aprimorar seus conhecimentos. Convencido da possibilidade de alcançar as Índias navegando pelo ocidente, buscou em vão o apoio dos reis de Portugal, da Inglaterra e da França. Em 1485 fixou-se na Espanha e, com ajuda do padre Juan Perez, confessor da rainha Isabel, obteve a aprovação de seu projeto pelos soberanos espanhóis. Em 17 de abril, assinou com o rei Fernando um contrato pelo qual era nomeado almirante-dos-mares e governador das novas terras que viesse a descobrir. A expedição foi custeada em partes iguais pela Coroa espanhola e por banqueiros genoveses de Sevilha. Em 3 de agosto de 1492, a frota de três caravelas (Santa Maria, Pinta e Niña) deixou o porto de Palos, chegando em 12 de outubro à ilha de Guanaani (hoje ilha Watling, nas Bahamas). Em seguida, aportou em Cuba e Haiti. Voltou à Espanha em março de 1493, certo de ter alcançado a Ásia. Em setembro, fez-se de novo ao mar, desta vez com dezessete naus, descobrindo várias ilhas do Caribe — Guadalupe, Dominica (hoje Martinica), Porto Rico, Jamaica, além da costa sudoeste de Cuba. Em 1498, empreendeu uma terceira expedição, indo da costa do continente até o Orinoco, para depois atingir as ilhas de Trinidad, Tobago e Granada. Por fim, entre 1502 e 1504, Colombo realizou uma última viagem, na qual completou o reconhecimento das Antilhas e da costa da América Central. Alvo de intrigas palacianas, Colombo já não desfrutava da confiança do rei espanhol quando retornou à Espanha em 1504. Morreu pouco depois sem ver reconhecido seu direito às terras por ele descobertas. Deixou dois filhos: um legítimo (Diego) e um natural (Fernando).

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Cristóvão Jaques

(Algarve, Portugal, 1480 — ?, depois de 1530)

Navegador português de origem aragonesa, também conhecido como Cristóvão Valjaques. Filho bastardo de Pero Jaques, foi legitimado por d. João II e feito fidalgo da Casa Real por d. Manuel. Era casado com uma filha de Francisco Portocarrero, que lhe deu três filhos. Em 1503 veio pela primeira vez ao Brasil na frota de Gonçalo Coelho. De 1516 a 1519, percorreu a costa no comando de duas caravelas a fim de desestimular incursões de piratas franceses. A 21 de julho de 1521, zarpou de novo do Tejo com destino ao Brasil, fundando em Pernambuco a feitoria de Itamaracá, antes de prosseguir para o sul até o rio da Prata. Por fim, em 1526, nomeado governador do Brasil em substituição a Pero Capico, retornou outra vez no comando de uma nau e cinco caravelas, travando inúmeros combates com corsários franceses. Ao regressar a Portugal, ofereceu-se a d. João III para, com mil colonos, dar início à ocupação permanente das novas terras, mas nada resultou da proposta.

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Duarte Coelho de Albuquerque

(Olinda, PE, ? — Norte da África, 1579-80)

Filho mais velho de Duarte Coelho Pereira e Brites de Albuquerque, em 1554 foi juntamente com o pai e o irmão Jorge Coelho de Albuquerque a Portugal, onde realizou seus estudos. Em 1560, os dois irmãos retornaram ao Brasil, encarregados por d. Catarina, regente de Portugal, de "pacificar os índios que atacavam a capitania de Pernambuco". Duarte de Albuquerque assumiu o governo da capitania e conseguiu, com a ajuda de tribos amigas, assegurar sua sobrevivência e progresso. Em 1576 retornou a Portugal e, dois anos depois, participou da fracassada expedição empreendida por d. Sebastião contra os mouros do Norte da África. Na trágica derrota de Alcácer-Quibir, em que o soberano português desapareceu, os dois irmãos caíram prisioneiros dos muçulmanos. Só um ano depois foram resgatados, mas, devido aos ferimentos, Duarte de Albuquerque não sobreviveu à viagem de volta a Lisboa.

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Duarte Coelho Pereira

(Miragaia, Portugal, 1485? — Portugal, 1554)

Fidalgo, militar, administrador e primeiro donatário da capitania de Pernambuco. Acompanhou o pai, Gonçalo Coelho, na viagem de exploração que este fez ao Brasil em 1503. Três anos depois, seguiu para a Índia na armada de d. Fernando Coutinho. Em 1516-7, foi embaixador no Sião e visitou a China. De volta a Portugal em 1527, quatro anos depois foi de novo enviado à Índia. Em 1532, recebeu o comando da frota encarregada de afastar os franceses do litoral brasileiro. Por seus serviços, obteve a doação da capitania de Pernambuco, ou Nova Lusitânia, em 10 de março de 1534, da qual tomou posse um ano depois e onde encontrou núcleos de povoamento no porto dos Marcos e em Igaraçu. Com a ajuda de Vasco Fernandes Lucena, que ali vivia em meio aos tabajara, fundou em 1537 a vila de Olinda no local da aldeia indígena de Marim. Após travar encarniçada luta com os caeté, aliados dos franceses, conseguiu consolidar a capitania, cultivando cana-de-açúcar, fumo e algodão, e instalando os primeiros engenhos de açúcar. Em 24 de novembro de 1550, ficou isento da jurisdição de Tomé de Sousa. Retornou doente a Portugal e lá morreu em 7 de agosto de 1554.

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Fernão de Noronha (ou Loronha)

(Portugal, séc. XV — ?, séc. XVI)

Comerciante e armador que, em 1503, com outros cristãos-novos, obteve concessão do rei de Portugal para explorar os recursos naturais do Brasil durante três anos. Em 24 de julho do mesmo ano, descobriu a ilha que mais tarde tomaria seu nome. Em 1506, Fernando de Noronha e os sócios extraíram das novas terras cerca de 20 mil quintais de pau-brasil, vendidos em Lisboa com um lucro de 400% a 500%. Em 1511, associado a Bartolomeu Marchioni, Benedito Morelli e Francisco Martins, participou da armação da nau Bretoa, que a 22 de julho retornou a Portugal com uma carga de 5 mil toras de pau-brasil, além de animais exóticos e quarenta escravos, mulheres em sua maioria.

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Fernão de Magalhães

(Trás-os-Montes, Portugal, 1480 — Cebu, Filipinas, 1521)

Navegador, Fernão de Magalhães foi o responsável pela realização da primeira viagem de circunavegação do globo terrestre. De família aristocrática, fixou-se aos doze anos em Lisboa, de onde partiu em 1505 em direção às Índias, alistado na armada de d. Francisco de Almeida. Permaneceu oito anos no Oriente; esteve em Goa, Cochim, Quiloa, Moçambique e participou da tomada de Malaca por Afonso de Albuquerque. Em 1513, acompanhou o duque de Bragança na conquista de Azamor. De volta a Portugal, desentendeu-se com d. Manuel e passou a manter contato com o governo espanhol. Dedicou-se então ao seu projeto de viagem, que consistia em atingir as ilhas Molucas pelo Ocidente. Obtendo o apoio de Carlos V, em 1518 deu início aos preparativos da expedição. Por fim, em 20 de setembro de 1519, partiu de Sevilha à frente de uma esquadra de cinco navios tripulada por 250 homens. Após fazer escala nas ilhas Canárias, atingiu em 13 de dezembro o Rio de Janeiro, de onde prosseguiu até o extremo sul da costa argentina. Em 31 de março de 1520, chegou ao porto de S. Julião, na entrada do estreito que depois receberia seu nome. Lá permaneceu durante cinco meses, tendo sido obrigado a sufocar uma rebelião entre seus homens. Enfraquecida pelo naufrágio de uma nau (a Santiago) e pela deserção de outra (a Santo Antônio), em novembro a esquadra atravessou o estreito, penetrando nas águas do mar do Sul, batizado "Pacífico". Nos quatro meses que durou a travessia deste oceano, a tripulação foi dizimada pela fome, pela sede e pelo escorbuto. Em março de 1521, alcançou a ilha de Ladrões, chegando à ilha de Cebu (Filipinas) em 7 de abril. Poucos dias depois, Fernão de Magalhães morreu em combate com os nativos. A expedição prosseguiu sob o comando de João Lopes Carvalho, deixando Cebu no início de março de 1522. Dois meses depois, comandada por Sebastião del Cano, uma única nau, com apenas dezoito sobreviventes,completou a circunavegação do globo ao alcançar Sevilha em 6 de setembro de 1522.

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Francisco de Orellana

(Trujillo, Espanha, c. 1490 — rio Amazonas, c. 1550)

Militar e explorador, em 1535 Orellana participou com Francisco Pizarro da conquista do Peru. Em 1540-1, juntou-se à expedição de Gonzalo Pizarro que explorou o rio Napo; em seguida, prosseguiu com alguns homens até o vale do Amazonas, tendo sido o primeiro a percorrer o rio desde os Andes até o oceano Atlântico. Ao voltar à Espanha, relatou ao rei sua viagem e conseguiu dele a concessão das terras que havia descoberto. Em maio de 1544, saiu de San Lucar com quatro navios e quatrocentos homens, mas a nova expedição revelou-se um fracasso: só dois navios chegaram ao Amazonas e mesmo estes tiveram de ser desmontados. Orellana morreu, ainda no rio, enquanto tentava retornar à Europa.

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D. Henrique

(Porto, Portugal, 1394 — Vila do Infante, cabo de Sagres, Portugal, 1460)

Filho de d. João I e d. Filipa de Lencastre, o infante d. Henrique ficou conhecido como o Navegador por ter sido o grande instigador da expansão marítima de Portugal. Após participar da tomada de Ceuta em 1415, convenceu-se da existência de outras terras além do cabo Bojador na costa africana. Com o objetivo de descobri-las, estabeleceu-se em 1417 no promontório de Sagres, lá instalando uma escola de náutica, um observatório astronômico e um arsenal. Cercando-se dos mais famosos navegadores e cartógrafos da época, dedicou todo o seu tempo e os recursos de que dispunha à ampliação dos conhecimentos náuticos e geográficos e à construção e armação de caravelas. Morreu solteiro, casto e abstêmio, tendo sido enterrado no convento da Batalha.

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D. João II

(Lisboa, 1455 — Lisboa, 1495)

Alcunhado de o "Príncipe Perfeito", o segundo filho do rei d. Afonso e da rainha d. Isabel subiu ao trono como décimo terceiro rei de Portugal em 1481. Conseguiu restringir o poder da nobreza e empenhou-se na exploração de novos territórios. Cuidou da consolidação da presença portuguesa na África, ordenando a construção do Castelo da Mina, no golfo da Guiné. Também estimulou a exploração da costa africana, o que foi feito por Diogo Cão em duas viagens (ambas em 1484) e por Bartolomeu Dias. Este, em 1488, logrou enfim descobrir a rota oceânica para as Índias, ao dobrar o temido cabo das Tormentas, rebatizado pelo soberano como da Boa Esperança. Em seu reinado foi assinado o tratado de Tordesilhas com a Espanha, dividindo o mundo entre os reinos ibéricos. D. João II, contudo, não chegou a ver nenhuma expedição portuguesa retornar da Índia, pois morreu enquanto se preparava a frota que, sob o comando de Vasco da Gama, seria a primeira a realizar tal façanha.

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D. João III

(Lisboa, 1502 — Lisboa, 1557)

Filho de d. Manuel I e da rainha d. Maria, d. João III, o Piedoso, foi o décimo quinto rei de Portugal, subindo ao trono em 19 de dezembro de 1521. Três anos depois casou-se com Catarina da Áustria, irmã do imperador Carlos V. Seu reinado foi marcado por circunstâncias desfavoráveis aos interesses de Portugal: a presença de corsários franceses no Atlântico, ameaçando as colônias; a dificuldade em manter as possessões orientais; a crise financeira do reino, agravada por fome e epidemias. Diante dos problemas na Ásia, d. João buscou uma compensação investindo na colonização do Brasil. Em 1530, nomeou Martim Afonso de Sousa "governador da Terra do Brasil" e, dois anos depois, dividiu o território em capitanias hereditárias. Em 1548, ampliou o controle régio sobre a Colônia instaurando um governo central, para o qual nomeou Tomé de Sousa. No plano interno, o reinado de d. João III caracterizou-se por uma linha acentuadamente absolutista. Foi o responsável pela instalação da Inquisição em Portugal. D. João III teve muitos filhos com d. Catarina da Áustria, mas nenhum sobreviveu ao monarca, cuja coroa iria para o neto, d. Sebastião, que em 1557 contava apenas três anos.

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João Ramalho

(Vouzela, Vizeu, Portugal, c. 1493 — Piratininga (São Paulo), c. 1580)

Filho de João Vieira Maldonado e Catarina Afonso de Balbode. Deixando em sua terra a mulher, Catarina Fernandes, seguiu para o Brasil em 1512. Após naufragar no litoral de São Vicente, foi bem recebido pelo chefe Tibiriçá, cuja filha desposou e com quem teve nove filhos. No entanto, também teve filhos de muitas outras mulheres indígenas. Com seus descendentes mamelucos, estabeleceu postos no litoral para fazer comércio com europeus, vendendo índios prisioneiros, construindo bergantins e reabastecendo os navios em trânsito. Fundou, no planalto, a povoação de Santo André da Borda do Campo, elevada em 1553 à categoria de vila, da qual foi capitão, alcaide e vereador. Servindo de intermediário, ajudou Martim Afonso de Sousa na fundação de São Vicente, em 1532. Acompanhado de parentes, transferiu-se depois de Santo André para a povoação de São Paulo, fundada pelo padre Manuel da Nóbrega. Foi um dos responsáveis pela expulsão, em 10 de julho de 1562, dos tamoios confederados que haviam assaltado a vila de São Paulo. Depois, retirou-se para o vale do Paraíba, recusando em 1564 o cargo de vereador da vila que ajudara a fundar.

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D. Manuel I

(Alcochete, Portugal, 1469 — Lisboa, 1521)

Sucessor de seu primo d. João II, d. Manuel I (cognominado o Venturoso) foi o décimo quarto rei de Portugal. Era filho do infante d. Fernando, duque de Viseu, e da infanta d. Beatriz. Seu reinado, de 1495 a 1521, é considerado a época de ouro da história de Portugal, pois, como resultado de quase um século de explorações empreendidas por seus predecessores, o caminho das Índias foi afinal descoberto por Vasco da Gama em 1497-8. Estava assim lançada a base do Império português na América, África e Ásia, que o tornaria a maior potência naval da Europa e o centro do comércio mundial. D. Manuel incentivou as artes e as ciências, mas, católico intolerante, perseguiu os judeus, obrigando-os a se converter ao catolicismo. Deve-se ao monarca uma nova codificação das leis (as Ordenações Manuelinas, de 1512) e a centralização da administração pública.

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Martim Afonso de Sousa

(Vila Viçosa, Portugal, c. 1500 — Lisboa, 1571)

De família nobre, Martim Afonso era filho de Lopo de Sousa e Brites de Albuquerque. Depois de viver quatro anos na Espanha, onde se casou com d. Ana Pimentel e lutou sob Carlos V contra os franceses, retornou em 1525 a Portugal a pedido de d. João III. Nomeado governador do Brasil, recebeu a missão de expulsar os franceses, descobrir terras, explorar o rio da Prata e fundar núcleos de povoamento. Partiu de Lisboa a 3 de dezembro de 1530 com quatro naus, tendo como imediato o irmão Pero Lopes de Sousa e transportando cerca de quatrocentas pessoas. Depois de percorrer todo o litoral até o rio da Prata, onde sobreviveu a um naufrágio, Martim Afonso retornou a São Vicente em 21 de janeiro de 1531, ali fundando a primeira vila do Brasil com a ajuda de João Ramalho e Antônio Rodrigues, moradores da região que haviam feito amizade com os caciques Tibiriçá e Caiubi. Na região do planalto, e também graças a João Ramalho, estabeleceu em Piratininga uma pequena aldeia de duração efêmera. Em São Vicente iniciou a cultura da cana-de-açúcar e ordenou a instalação de um engenho. Em outubro de 1532, d. João III comunicou-lhe por carta a decisão de dividir as terras em capitanias hereditárias, a doação que lhe fazia de cem léguas de costa e também a autorização para que retornasse a Lisboa, o que Martim Afonso fez em 1533. No ano seguinte, foi nomeado capitão-mor da Índia, para onde voltaria em 1543, também como governador. Retornou a Portugal em 1546, mas não veio mais ao Brasil.

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Pedro Álvares Cabral

(Belmonte, Portugal, 1468 ou 69 — Santarém, Portugal, 1520)

Filho de Fernão Cabral e Isabel Gouveia, Pedro Álvares Cabral nasceu no castelo de Belmonte e pouco se sabe de sua vida até o final do século, além de que foi educado na Corte de d. João II. Em 1499, d. Manuel o nomeou capitão-mor da armada que faria a primeira expedição à Índia após o retorno de Vasco da Gama. Com treze navios e cerca de 1200 homens, a maior frota até então organizada em Portugal, partiu de Lisboa em 9 de março de 1500, com a missão de fundar uma feitoria na Índia. Dela participavam navegadores experientes, como Bartolomeu Dias e Nicolau Coelho. Em 22 de abril, após 43 dias de viagem e tendo-se afastado da costa africana, a esquadra avistou o monte Pascoal no litoral sul da Bahia. No dia seguinte houve o contato inicial com os indígenas. Em 24 de abril, a frota seguiu ao longo do litoral para o norte em busca de abrigo, fundeando na atual baía Cabrália, em Porto Seguro, onde permaneceu até 2 de maio. Em seguida, um dos navios retornou a Lisboa com as notícias da descoberta, enquanto o resto da frota seguia para Calicute, lá chegando em 13 de setembro, depois de escalas no litoral africano. A feitoria ali instalada durou pouco: saqueada em 16 de dezembro, nela morreram trinta portugueses, entre os quais o escrivão Pero Vaz de Caminha. Depois de bombardear Calicute e apresar barcos árabes, Cabral seguiu para Cochim e Cananor, onde carregou as naus com especiarias e produtos locais e retornou à Europa. Chegou em Lisboa a 23 de junho de 1501. Convidado para comandar nova expedição ao Oriente, desentendeu-se com o monarca e recusou a missão. Casou-se em 1503 com d. Isabel de Castro, sobrinha de Afonso de Albuquerque, deixando descendência. Em 1518, era cavaleiro do Conselho Real. Foi senhor de Belmonte e alcaide-mor de Azurara.

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Tomé de Sousa

(Lisboa, 1502 — Lisboa, 1579)

Entre 1527 e 1532, serviu em Arzila (Marrocos), sob as ordens de d. João Coutinho. Em 1535 esteve na Índia, na armada do capitão-mor Fernão Peres de Andrade. Em 1548 foi nomeado governador-geral do Brasil. Munido de detalhado Regimento e da carta-régia de nomeação, partiu do Tejo com seis naus, levando 1500 homens, entre colonos, degredados, funcionários, artífices e engenheiros. Acompanharam-no seis jesuítas, liderados pelo padre Manuel da Nóbrega. A esquadra avistou a Bahia em 27 de março de 1549 e dois dias depois Tomé de Sousa desembarcava na antiga vila do Pereira. Bem recebido por Diogo Álvares Correia, o Caramuru, fundou com a ajuda de índios a cidade de São Salvador, que deveria ser o centro político-administrativo da Colônia. Quatro meses depois, a nova cidade contava mais de cem casas. Em seu governo, Tomé de Sousa fez com que fosse trazido gado das ilhas de Cabo Verde, reforçou a segurança na costa brasileira, distribuiu sesmarias para facilitar a ocupação da terra e visitou, em 1552, as capitanias do sul. Partiu do Brasil no ano seguinte e, em Portugal, ocupou o cargo de vedor da Fazenda. Passou os últimos anos retirado em uma quinta.

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Vasco da Gama

(Sines, Portugal, 1468 — Cochim, Índia, 1524)

Exímio navegador, Vasco da Gama foi desde a juventude encarregado de várias missões por d. João II. Em 1497, o sucessor deste, d. Manuel, o escolheu para comandar a expedição que completaria o caminho marítimo para a Índia. Partindo do Tejo em julho do mesmo ano, a armada compunha-se das naus S. Gabriel e S. Rafael, e da caravela Bérrio, comandadas respectivamente por Vasco da Gama, seu irmão Paulo da Gama e Nicolau Coelho. Deixando as ilhas de Cabo Verde em 3 de agosto, a frota navegou por mais de três meses até dobrar o cabo da Boa Esperança, em 18 de novembro. Após contornar a costa africana, na qual fez várias escalas, alcançou a região de Moçambique. O bom acolhimento dispensado aos portugueses, confundidos com turcos, logo se transformou em ódio quando se percebeu que eram cristãos. Vasco da Gama seguiu então para Melinde, onde conseguiu um excelente piloto indiano, com a ajuda do qual a frota portuguesa conseguiu chegar em segurança a Calecute, na Índia. Lá Vasco da Gama entregou ao samorim uma carta de d. Manuel oferecendo aliança e trato comercial. As negociações, no entanto, não foram bem-sucedidas. Insatisfeito, o navegador português mandou bombardear e saquear a cidade. A atribulada viagem de volta começou em 5 de outubro de 1498. No caminho, a nau S. Rafael teve de ser queimada, e Paulo da Gama morreu vítima de uma doença. Vasco da Gama, porém, conseguiu alcançar Lisboa em agosto de 1499, demonstrando a viabilidade da navegação para a Índia. Como recompensa, foi enobrecido e nomeado almirante do mar da Índia. Em 1502, depois da chacina dos homens de Pedro Álvares Cabral e do saque da feitoria portuguesa em Calecute, o almirante retornou à Índia para tomar satisfações do soberano local. Após firmar aliança com os soberanos de Cochim e Cananor, retornou a Portugal em 1504. Vinte anos depois, já como conde da Vidigueira, e investido por d. João III do título de vice-rei, Vasco da Gama voltaria mais uma vez ao Oriente, com poderes para impor a ordem e castigar os abusos de fidalgos lá estabelecidos. Em 1524, desembarcou em Cochim, mas logo caiu doente e morreu. Era casado com d. Catarina de Ataíde, com quem teve sete filhos.

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Vasco Fernandes Lucena

(Portugal, séc. XVI — Pernambuco, séc. XVI)

Como muitos dos primeiros europeus a viver no Brasil, nada se sabe de sua vida até o momento da chegada dos donatários, na década de 1530. O fato é que, ao desembarcar em Pernambuco para tomar posse de sua capitania, Duarte Coelho lá encontrou o português Vasco Lucena, já casado com uma índia tabajara. Foi graças a ele que a tribo de sua mulher renegou a aliança que havia estabelecido com os franceses a fim de unir-se aos portugueses. Em torno dele foi criado um mito. No momento crucial da disputa pela preferência, quando os índios cercaram os colonos, teria discursado para a tribo, pedindo a adesão a Portugal e ameaçando os que preferiam os franceses com a morte, caso ousassem atravessar um risco que traçou no chão com a espada. Cinco teriam tentado e morrido fulminados por um raio. Por causa do milagre, o risco que traçou teria sido usado como base para a construção da principal igreja de Olinda.

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Vicente Yañez Pinzón

(Espanha, ? — ?)

Pinzón participou da primeira viagem de Cristóvão Colombo, da qual foi um dos financiadores. Ajudou no recrutamento de gente para a armada, e comandou a caravela Niña, tripulada por 24 homens. Com ela socorreu a Santa Maria, que encalhou em 25 de dezembro de 1492 na costa da ilha de S. Domingos. De volta à Espanha, conseguiu em 1495 uma licença dos monarcas para empreender novos descobrimentos. Quatro anos depois, partiu com uma esquadra de quatro caravelas rumo ao hemisfério sul. Foi o primeiro navegador a cruzar a linha equinocial e descobriu várias ilhas. Em janeiro de 1500 avistou um grande promontório, que chamou de Santa Maria da Consolação (atualmente cabo de Santo Agostinho). Desembarcou e tomou posse do território para a Espanha, e descobriu a desembocadura do rio Amazonas; prosseguindo pelo mar do Caribe, aportou nas ilhas Bahamas. Em setembro de 1500, regressou ao porto de Palos, na Espanha. Foi-lhe então concedida licença para colonizar as terras descobertas, mas o navegador absteve-se de aproveitar a concessão. Em 1508, realizou mais uma viagem à América do Sul.

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